Gestão Escolar — Participação dos pais na vida escolar
Bons modelos de parceria geram comprometimento com formação
Experiência de implantação de coordenadores de pais, desenvolvida
pela Fundação Itaú Social em parceria com o Instituto Fernand Braudel e a
Secretaria de Estado de Educação, revelou-se como grande estratégia de
aproximação entre as famílias e as escolas. Também em Taboão da Serra e
Santa Bárbara D’Oeste programas voltados às famílias têm se mostrado
bons modelos de parcerias, assim como um conjunto de ações desenvolvidas
pelo Colégio Magister, de São Paulo.
A EXPERIÊNCIA PILOTO DOS COORDENADORES DE PAIS
Mais de 80% dos pais dos alunos do Ensino Fundamental II e Médio da
Escola Estadual Aquilino Ribeiro, localizada em Guaianazes, zona Leste
de São Paulo, compareceram à reunião do primeiro trimestre deste ano, ou
foram atendidos pela equipe docente em encontro posterior, conforme
revela planilha apresentada pela coordenadora de pais Maria Aparecida
Alexandre Custodio. Mas há três anos, quando a Fundação Itaú Social, o
Instituto Fernand Braudel e a Secretaria de Estado da Educação iniciaram
o projeto de coordenadores de pais em dez unidades da rede na região,
dentro do Programa de Excelência em Gestão Educacional, a presença dos
pais na escola “era quase zero”. Ex-funcionária terceirizada da Aquilino
Ribeiro, mãe de quatro ex-estudantes e de uma aluna do Ensino Médio,
avó de outro do 3º ano do Fundamental, Maria Aparecida ou simplesmente
Cidinha mora há 27 anos no bairro e foi escolhida pela direção para
desenvolver esse papel de coordenador de pais. “A proposta era chamá-los
à participação na vida escolar dos filhos, mostrar a importância
disso”, diz Cidinha, lembrando que durante o primeiro ano do projeto fez
um mapeamento dos pais que nunca compareciam e foi atrás de cada
família para identificar as razões disso.
“A maioria alegava dificuldade de horário, então a direção ampliou o
atendimento, que ocorre agora em período integral, das 7h às 21h”. Houve
semanas, neste ano, que Cidinha realizou 80 atendimentos, fazendo a
triagem dos casos e encaminhando os familiares a quem competia dar
solução à sua demanda, professores e/ou coordenadores. A média é de 20 a
30 atendimentos semanais. A coordenadora é contratada e remunerada pelo
Programa e cumpre com jornada semanal de 40 horas, montando uma agenda
que possa contemplar as diferentes rotinas dos pais.
Mas ela também realiza visitas domiciliares, cerca de 20 por mês. “Há
situações em que eles não podem comparecer, cuidam de crianças pequenas
ou portadoras de necessidades especiais”, explica. O importante,
comenta, é estabelecer um vínculo e um compromisso do pai com a escola e
com o próprio desenvolvimento do filho. “A participação começa em casa,
com o seu envolvimento afetivo com tudo o que diz respeito à vida da
criança”, observa. Vencida esta etapa, o pai começa a procurar a escola
para tirar dúvidas e também a participar do Conselho de Escola ou da
Associação de Pais e Mestres (APM), responsável pela destinação das
verbas de custeio.
“Na verdade, o coordenador de pais colabora para uma mudança da
cultura, trazendo a família para a escola e facilitando a comunicação entre esta e a comunidade, ou seja, ele ajuda a
acolher esse pai”, explica Patrícia Mota Guedes, especialista em gestão
educacional da Fundação Itaú Social. Inspirado em uma experiência
desenvolvida em Nova York, o programa piloto da Fundação procurou
trabalhar “com pessoas da própria comunidade”. “É um perfil profissional
muito específico porque valorizamos o conhecimento local, além da
capacidade interpessoal e de comunicação com os pais, as crianças e a
equipe docente, com habilidades de mobilização que colaborem com ações
de melhoria da escola”, diz. Assim, “o coordenador de pais se torna um
grande aliado da equipe gestora, é um adulto que está próximo do aluno, o
recebe na chegada à escola. Está próximo também do coordenador e
professor, facilitando o contato destes com pais de alunos em
dificuldades. Ele os envolve de forma propositiva com a escola, ajuda a
organizar eventos e os convida para celebrarem as conquistas de seus
filhos”, descreve Patrícia.
Nenhum comentário:
Postar um comentário