quinta-feira, 20 de março de 2014





 

Gestão Escolar — Participação dos pais na vida escolar


Bons modelos de parceria geram comprometimento com formação

Experiência de implantação de coordenadores de pais, desenvolvida pela Fundação Itaú Social em parceria com o Instituto Fernand Braudel e a Secretaria de Estado de Educação, revelou-se como grande estratégia de aproximação entre as famílias e as escolas. Também em Taboão da Serra e Santa Bárbara D’Oeste programas voltados às famílias têm se mostrado bons modelos de parcerias, assim como um conjunto de ações desenvolvidas pelo Colégio Magister, de São Paulo.
A EXPERIÊNCIA PILOTO DOS COORDENADORES DE PAIS 
Mais de 80% dos pais dos alunos do Ensino Fundamental II e Médio da Escola Estadual Aquilino Ribeiro, localizada em Guaianazes, zona Leste de São Paulo, compareceram à reunião do primeiro trimestre deste ano, ou foram atendidos pela equipe docente em encontro posterior, conforme revela planilha apresentada pela coordenadora de pais Maria Aparecida Alexandre Custodio. Mas há três anos, quando a Fundação Itaú Social, o Instituto Fernand Braudel e a Secretaria de Estado da Educação iniciaram o projeto de coordenadores de pais em dez unidades da rede na região, dentro do Programa de Excelência em Gestão Educacional, a presença dos pais na escola “era quase zero”. Ex-funcionária terceirizada da Aquilino Ribeiro, mãe de quatro ex-estudantes e de uma aluna do Ensino Médio, avó de outro do 3º ano do Fundamental, Maria Aparecida ou simplesmente Cidinha mora há 27 anos no bairro e foi escolhida pela direção para desenvolver esse papel de coordenador de pais. “A proposta era chamá-los à participação na vida escolar dos filhos, mostrar a importância disso”, diz Cidinha, lembrando que durante o primeiro ano do projeto fez um mapeamento dos pais que nunca compareciam e foi atrás de cada família para identificar as razões disso.
“A maioria alegava dificuldade de horário, então a direção ampliou o atendimento, que ocorre agora em período integral, das 7h às 21h”. Houve semanas, neste ano, que Cidinha realizou 80 atendimentos, fazendo a triagem dos casos e encaminhando os familiares a quem competia dar solução à sua demanda, professores e/ou coordenadores. A média é de 20 a 30 atendimentos semanais. A coordenadora é contratada e remunerada pelo Programa e cumpre com jornada semanal de 40 horas, montando uma agenda que possa contemplar as diferentes rotinas dos pais.
Mas ela também realiza visitas domiciliares, cerca de 20 por mês. “Há situações em que eles não podem comparecer, cuidam de crianças pequenas ou portadoras de necessidades especiais”, explica. O importante, comenta, é estabelecer um vínculo e um compromisso do pai com a escola e com o próprio desenvolvimento do filho. “A participação começa em casa, com o seu envolvimento afetivo com tudo o que diz respeito à vida da criança”, observa. Vencida esta etapa, o pai começa a procurar a escola para tirar dúvidas e também a participar do Conselho de Escola ou da Associação de Pais e Mestres (APM), responsável pela destinação das verbas de custeio.
“Na verdade, o coordenador de pais colabora para uma mudança da cultura, trazendo a família para a escola e facilitando a comunicação entre esta e a comunidade, ou seja, ele ajuda a acolher esse pai”, explica Patrícia Mota Guedes, especialista em gestão educacional da Fundação Itaú Social. Inspirado em uma experiência desenvolvida em Nova York, o programa piloto da Fundação procurou trabalhar “com pessoas da própria comunidade”. “É um perfil profissional muito específico porque valorizamos o conhecimento local, além da capacidade interpessoal e de comunicação com os pais, as crianças e a equipe docente, com habilidades de mobilização que colaborem com ações de melhoria da escola”, diz. Assim, “o coordenador de pais se torna um grande aliado da equipe gestora, é um adulto que está próximo do aluno, o recebe na chegada à escola. Está próximo também do coordenador e professor, facilitando o contato destes com pais de alunos em dificuldades. Ele os envolve de forma propositiva com a escola, ajuda a organizar eventos e os convida para celebrarem as conquistas de seus filhos”, descreve Patrícia.

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